domingo, 18 de dezembro de 2011

O "Nirvana" que eu conheci...!

Tentando cumprir "a promessa", fiquei motivado a escrever sobre um tema que imperdoavelmente não tenho feito... música.
Li esta semana uma matéria sobre os 20 anos do inquestionável melhor álbum da década de 90 e um dos dez melhores da história do rock and roll, Nevermind, segundo disco de estúdio do Nirvana. Muita coisa está saindo nessa comoração sobre o álbum, mas a minha reflexão não é necessariamente sobre Nevermind, e sim sobre um outro disco, um pouco menos conhecido... o ao vivo "From The Muddy Banks Of The Wishkah". Foi na casa de amigo que escutei pela primeira vez o disco. Naquela  época o Nirvana já era o Nirvana, da histórica apresentação do Hollywood Rock de 1993 e Nevermind já era aclamado com um grande álbum, mas a energia que saia daquele aparelho de som era um Nirvana que eu ainda não havia escutado, com pegada de quem estava tocando todos os ódios e desejos que a alma suporta, mas que precisam ser descarregados de alguma forma... alguns fazem isso com a religião, outros mergulhando no trabalho, mas poucos são competentes para fazer isso com a arte, e aquele disco mostrava que o Nirvana fazia isso.
Por conta dessa comoração dos 20 nos de Nevermind e ter vindo à tona a lembrança de "From The Muddy Banks Of The Wishkah", resolvi escutá-lo novamente após um bom tempo sem fazê-lo. Me transportou para um outro tempo... para o tempo do Espaço Gueto, na Barra do Jucu, templo do hardcore no Espírito Santo no início dos anos 2000 e que hoje virou uma igreja evangélica. Lá se podia assistir shows vociferados e guturais de Gritos de Ódio, Dead Fish a R$ 1,00, e até Zumbis do Espaço, lendária banda do cenário punk brasileiro. Geralmente havia um debate antes de alguns shows, onde se falava um pouco de política, cultura... achávamos que iriamos mudar o mundo, e mudamos... de alguma maneira mudamos o mundo, ao menos o que estava dentro de nós, desconstruindo alguns devaneios da juventude e reelaborando algumas convicções... mas, mudamos de alguma maneira. Bom, para encerrar, vou deixar só algumas sugestões do disco, mas vou avisando... é difícil resistir a ele todo. "Been a Son"  um flerte melódico com o rockabilly - vertente do rock in roll dos anos 60 -  e ritmicamente inspirada no punk. "Polly" é crua, energética e cantada com raiva. E, por último, o hino mântrico do grunge... a radiofônica "Smells Like Teen Spirit", em uma versão turbinada. 
From The Muddy Banks Of The Wishkah, não revela um novo Nirvana, mas é um álbum que nos coloca o mais próximo possível da essência de uma das bandas que já havia se tornado história antes mesmo do seu fim.

"...sim, promessas fiz"




Comecei a escrever este post porque fiz uma daquelas promessas de fim de ano que quase sempre não cumprimos, mas que são importantes de serem feitas, pelo menos para manter longe a sensação de frustração e renovar as desculpas que ajudam a enfrentar o sentimento de "culpa" cristã. Estou prometendo dar mais atenção pro "Sarcásmico", postando um pouco mais de devaneios e "ejaculações" existenciais, a troco de nada, sem compromisso com a verdade, com a coerência. Todo mundo cita Nietzsche quando quer parecer bem resolvido filosoficamente, e eu também tenho esse direito...
"Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós"
Bom, como o Lobo da Estepe de Herman Hesse, preciso de um lugar para que meu "Lobo" corra livre... vou tentar fazer isso um pouco mais por aqui...!  

domingo, 6 de novembro de 2011

Cante Garcia...!



 LIBERDADE - GARCIA by Nelson Mendes Junior 


O cenário da arte capixaba perdeu hoje um dos artistas mais singulares que este Estado já possuiu: o grande Garcia Gam. A notícia chegou a mim pelo facebook, o olho de Hórus da pós modernidade e que apesar de críticas sociológicas que se possa fazer a essa entidade virtual, é por meio dele que coisas interessantes tem entrado no meu mundo. Mas hoje foi ele quem levou Garcia do meu mundo, pelo menos físico, pois o talento de um artista como ele tem força para viver no mundo lúdico, criativo e poético das pessoas. Nunca chegamos a trocar uma idéia diretamente, sempre o encontrava nos eventos de Rap e havia assistido várias apresentações dele por aí, e até fizemos uma Jam Session casual. Inclusive, essa foi a primeira vez que o vi, onde conheci um artista brilhante. Foi em um desses “Vinholões” da Ufes. Ele chegou e começou a cantar um Tim Maia e outros baluartes da música preta brasileira. Quando o vi cantando pensei... “essa é uma voz que você geralmente só escuta nos programas de televisão ou ouve nos discos, mas estava ali, diante de mim, fazendo parte da mesma cena noturna que eu frequentava. A voz dele é uma das poucas de um artista capixaba que não vou consegui esquecer. E ele se vai no momento em que outros artistas do Estado estão colocando seu bloco na rua, como Pó de Ser Emoriô, com Aline Hrasko, Thiago Perovano, Yuri Guijansque e Emmanuel Sete Linhas, este último, outra voz que não vou esquecer por questões que estão para além da arte, mas que não consegui deixar de imaginar o que eles poderiam fazer juntos neste momento. Como frequentemente acontece, ele morreu antes de eu ter a oportunidade de dizer a ele a admiração que tinha pelo seu talento, e mais uma vez um grande artista morre sem que se diga a ele a sua importância. Talvez o que sirva para me redimir é que ele não precisava saber da minha admiração para ser o artista que ele era, porque provavelmente a única coisa que ele precisava para isso era a arte, e desde aquele dia na Ufes eu já havia percebido que ela esta com ele. Cante Garcia... cante, cante cante...!  

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A “Imprensa” de todo dia - artigo de Júnior Silva


A “Imprensa” de todo dia
Júnior Silva

"Como vivemos em um esquema meio “classe média”, não percebemos algumas coisas que estão ofuscadas pelo discurso da classe média branca que nos educa pela imprensa e pelas instituições formais de ensino."



Outro dia, conversando com um amigo pelo Facebook, ele dizia que os protestos de estudantes, ocorridos em junho, contra o aumento da passagem e precariedade do transporte público dos ES foi uma baderna que deixou a cidade desorganizada e que, se os estudantes queriam protestar contra alguma coisa não deveriam usar a violência. Provavelmente ele leu A Tribuna ou A Gazeta para formar essa opinião. Não me assustaria se fosse uma fala isolada, mas é recorrente na sociedade capixaba essa interpretação sobre os protestos.  Já que muitas pessoas têm paciência para aturar o fascismo do governo Casa Grande e da BME do Estado, também podem me aturar um pouco...!

Como vivemos em um esquema meio “classe média”, não percebemos algumas coisas que estão ofuscadas pelo discurso da classe média branca que nos educa pela imprensa e pelas instituições formais de ensino. Quem usou a violência física primeiro? Para além dos relatos da mídia do Estado, de quem o governo Casa Grande é o maior cliente e anunciante existe uma recorrente afirmação de que foi o BME quem deu início, a ponto do Henrique hersosfkoffff (secretário de in-justiça do Estado) ter admitido que não foi dele que partiu a decisão de usar força física, e pediu para haver uma investigação. Mas, discursos para apagar incêndios à parte, a desproporção de forças é inegável. Se a ação do BME foi legítima, por que o cerceamento da liberdade de imprensa neste caso. Vide os seguintes artigos:



Por que o BME prendeu um vendedor de pastel, um funcionário da Odebrecht e um estagiário do Senac?

Para os que estão reclamando que ficaram presos no trânsito de Vitória e tiveram seu direito de "ir e vir" cerceado, realmente isso é uma situação atípica, que quase não se vê na Grande Vitória, realmente isso deve ser culpa das manifestações... (ironia) Será que isso não está relacionado a qualidade do transporte público que temos, motivo do protesto. O direito de ir e vir é cerceado por quem? Pelos estudantes, que não é sempre, mas conseguem sair da inércia das baladas sexo, drogas e micaretas, para fazer o trabalho sujo que pode favorecer toda a sociedade, ou o Estado, que desde a gestão Paulo Hartung vem se escondendo atrás dos discurso de que os royalties do petróleo vão salvar o Estado...  o maior engôdo político do Brasil, com mais de 70% dos votos.
A pouco tempo ouvi um amigo criticar o fato dos estudantes terem liberado as cancelas da terceira ponte durante o protesto...ele deveria era questionar por que ainda pagamos pedágio , já que é "no mínimo estranho" que estejamos pagando esta ponte ainda, um questionamento que no meu olhar é mais relevante socialmente do que o ar condicionado que foi destruído... que aliás já está mais do que pago.
Em fim, são alguns questionamentos para nos ajudar a ir além do feicebuqui...
Os paus e as pedras são apenas os sintomas da doença...!

segunda-feira, 28 de março de 2011

História de Estudante

Em Julho de 2005 tive uma enorme satisfação em presenciar participando de um dos acontecimentos mais importantes na história recente da sociedade capixaba. Naquele ano, o governo do Estado iria autorizar o aumento nas passagens de ônibus do "eficieeeeeente" sistema transcol, o que inflamou uma revolta na população, dando início á manifestações que se arrastaram por cinco dias. Foi impotrtante ver que eventaulmente a sociedade desperta de seu transe consumista e se junta para se manifestar em favor do interesse coletivo. Outro elemento que acho muito importante daquele evento foi ver a participação dos estudantes como protagonistas, pois foi deles que partiu a iniciativa de se manifestar contra o aumento das passagens, motivando a participação de outras instituições como sindicatos e associações de moradores da Grande Vitória. Os estudantes não foram só o elemento impulsionador, mas de maneira competente e apixonada ficaram á frente da organização ideraram, levando o protesto por cinco dias e um violento confronto com a polícia.

Foi fantástico ver que o povo consegue se organizar coletivamente não só na hora de votar para que alguém sem nenhuma importância saia do big brother e se envolvem com algo que faz muito mais sentido para que seus dais sejam melhores. E os estudantes mostraram que existe vida inteligente para além dos All Star's sujos e perfis narcisitas no orkut.

Júnior Silva nunca votou para tirar alguém do big brother, mas gostaria que o Bial saísse!

O vídeo abaixo é o trecho de um documentário sobre o protesto, mostrando os estudantes ganhando as ruas e entrando em confronto com a polícia.

Pão, Circo e... Florentina de Jesus



Manifestações e protestos são frequêntes na história da República tão adolescente de nosso país, muitas vezes conquistando benefícios importantes para o povo, outras causando mais sofrimento do que alegrias, e outras ainda utilizados de forma oportunista por grupos ou instituições políticas que queriam apenas o próprio benefício. Mas, é consenso que manifestações, protestos e revoltas ajudam a aprimorar as instituições políticas e amadurecem a República. Muitas vezes, esses protestos acontecem de maneiras estranhas e inusitadas.

Outro dia, em uma conversa com familiares ouvi um de meus entes "quase" queridos dizer de maneira indignada que "era um absurdo o povo eleger um Tiririca da vida", e ainda que "o povo merecia os político que tinham". Sinceramente, não sei se o Tiririca vai ser um bom legislador lá em Brasília, mas acredito que a sua eleição é muito mais que um ato de incompetência do povo. De repente a eleição dele pode ser uma dessas manifestações de protesto do povo, mostrando a sua descrença com a classe política, um grito silencioso de quem está dizendo que, se os políticos não levam a vida do povo á sério quando fazem as leis, por que então não eleger um palhaço logo... pelo menos ele é um palhaço profissional, podendo realizar quatro anos de legislação circense com mais qualidade, e qualidade falta aos nossos políticos, tanto para lvarem a vida do povo à sério quanto para brincar com ela.

Júnior Silva nunca se candidatou à deputado, mas também não faz palhaçada fora de hora!